
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Ciências da Saúde
Departamento: Não Informado
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Social
Tipo do Documento: Tese
Título: SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS N-3 EM CÂNCER GASTROINTESTINAL: EFEITOS SOBRE A INFLAMAÇÃO, O ESTADO NUTRICIONAL, A COMPOSIÇÃO CORPORAL, ÍNDICES PROGNÓSTICOS E A QUALIDADE DE VIDA DURANTE O TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO
Orientador
- ERASMO BENICIO SANTOS DE MORAES TRINDADE
Aluno
- MICHEL CARLOS MOCELLIN
Conteúdo
Introdução: o câncer pode se desenvolver em tecidos inflamados, assim como, o próprio tumor é responsável pela instalação e manutenção cíclica de um estado inflamatório. as moléculas inflamatórias secretadas por diferentes células (tumorais, do tecido subjacente e do sistema imune) atuam local e sistemicamente: em células cancerígenas promovem instabilidade gênica, ativação de vias antiapoptóticas, e, evasão da resposta imune anticâncer e da ação de agentes supressores de crescimento, além de estimular a angiogênese, contribuindo com a sobrevivência, o crescimento e a disseminação tumoral; efeitos sistêmicos incluem alterações metabólicas (resposta hepática de fase aguda, aumento da taxa metabólica em repouso e do catabolismo proteico e lipídico) e hormonais, bem como efeitos anorexígenos. os desfechos comuns desta intrincada teia de relações incluem deterioração do estado nutricional - com perda de massa magra, menor resposta aos agentes quimioterapêuticos e aumento dos efeitos colaterais do tratamento, resultando por fim, em redução da qualidade de vida do paciente e pior prognóstico. estudos clínicos e in vitro têm demonstrado que os ácidos graxos poli-insaturados n-3 (agpi n-3), especialmente os ácidos eicosapentaenoico (epa) e docosahexaenoico (dha), exercem ação anti-inflamatória e anti-caquética, assim como são capazes de induzir a apoptose em células tumorais, podendo contribuir, desta forma, com a terapia anti-câncer. objetivo: avaliar os efeitos da suplementação dos agpi n-3 sobre marcadores de inflamação, qualidade de vida, estado nutricional, composição corporal e índices prognósticos em câncer gastrointestinal. método: para responder o objetivo pretendido realizamos revisões sistemáticas com meta-análises e um ensaio clínico randomizado. para a execução das revisões sistemáticas buscamos em bases de dados por ensaios clínicos controlados, realizados in vivo e em humanos, que avaliaram os efeitos da suplementação dos agpi n-3 sobre marcadores de inflamação em câncer colorretal (ccr) ou gástrico (cg). os estudos encontrados foram triados para elegibilidade pela análise do título e resumo, e selecionados quando preencheram os critérios de inclusão após análise do texto completo ou após contato com os autores. os estudos elegíveis foram então avaliados quanto ao risco de vieses e tiveram dados de interesse extraídos pelos revisores. com o auxílio do software estatístico stata, as médias finais pós-intervenção foram combinadas e comparadas com as do grupo controle, resultando em uma medida de efeito resumo (meta-análise). o ensaio clínico randomizado (ecr), placebo controlado e triplo-cego, foi realizado com pacientes com câncer gastrointestinal, os quais foram suplementados com óleo de peixe provendo 1,55 g/dia de epa e dha (grupo intervenção) ou azeite de oliva extra virgem (grupo controle) durante as primeiras 9 semanas de tratamento quimioterápico. estes, tiveram marcadores de inflamação circulantes (citocinas, prostaglandina e2 - pge2, proteína c reativa - pcr) determinados com o auxílio de kits comerciais; qualidade vida avaliada pela aplicação de questionários validados para esta população; composição corporal estimada por bioimpedância elétrica; estado nutricional avaliado por meio de indicadores antropométricos; e, índices prognósticos mensurados pelo cálculo da relação pcr/albumina e da razão neutrófilo-linfócito (rnl). os dados foram analisados estatisticamente comparando os valores finais de cada grupo e as diferenças de média (calculada pela subtração do valor final pelo basal de cada paciente). além disso, análises de significância clínica também foram consideradas. resultados: quanto aos estudos de revisão sistemática e meta-análise - foram encontrados 18 estudos elegíveis realizados com ccr ou cg (nove para cada localização). metade deles utilizaram uma fórmula imunomoduladora como fonte dos agpi n-3, e a outra metade, utilizou óleo de peixe (oito estudos) ou agpi-n-3 isolados (um estudo). em apenas quatro a suplementação ocorreu concomitante a quimioterapia. as meta-análises mostraram em suas análises globais redução significativa de il-6 e aumento de albumina com a suplementação dos agpi n-3, tanto nos estudos com ccr, quanto nos com cg. adicionalmente nos estudos com cg, se observou também, redução de tnf-¿ e aumento de pré-albumina. todavia, destacamos que mais de 80% dos estudos incluídos estavam sujeitos a presença (confirmada ou suspeita) de algum viés metodológico. quanto ao ensaio clínico randomizado foram randomizados 56 pacientes para os grupos de estudo no período de março de 2015 a março de 2016, tendo perdas de seguimento variáveis (de até 30% para os desfechos primários de inflamação, qualidade de vida, estado nutricional e composição corporal) conforme o desfecho em questão. os resultados mostraram que a suplementação dos agpi n-3 durante as primeiras 9 semanas de quimioterapia preveniu a perda de massa magra (inferência clínica apenas) e reduziu os sintomas de náusea, vômito e perda de apetite nos 22 pacientes analisados pertencentes ao grupo intervenção, quando comparados aos 23 pacientes controles. para as análises de marcadores inflamatórios foram considerados 40 pacientes (20 para cada grupo), e foi demonstrado que alguns subgrupos (pacientes com estágio iv e que não reduziram massa magra durante o estudo) tiveram redução (comparação intra-grupo final vs. basal ou das diferenças de médias entre os grupos) ou menores concentrações (comparação entre os grupos considerando apenas os valores finais), ao final de 9 semanas de suplementação de óleo de peixe, de diversos marcadores inflamatórios (il-6, il-8 tnf, pge2, pcr). também foi observada redução dos valores dos índices relação pcr/albumina e rnl, bem como maiores contagens de leucócitos totais, neutrófilos e linfócitos em alguns subgrupos. conclusão: as evidências apresentadas pelas meta-análises sugerem uma potencial ação moduladora da inflamação dos agpi n-3, haja vista que os estudos incluídos, ao serem combinados, demonstraram uma redução de mediadores pró-inflamatórios. também foi observada alteração nas concentrações das proteínas hepáticas de fase aguda, corroborando com a redução da inflamação. os achados do ecr também sugerem uma ação de redução da inflamação após a suplementação de 1,55 g/dia de epa e dha por 9 semanas, além de ação anticatabólica, repercutindo possivelmente em melhor tolerância à quimioterapia (reduzindo alguns sintomas de efeitos colaterais), melhor estado de composição corporal e menor risco indicado por índices prognósticos. todavia, observa-se pelo ecr que são alguns subgrupos de pacientes que compartilham algumas características clínicas que se beneficiam.
Índice de Shannon: 3.5075
Índice de Gini: 0.87239
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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4,71% | 6,72% | 27,44% | 3,02% | 2,86% | 3,58% | 4,04% | 5,07% | 3,63% | 4,06% | 3,81% | 2,62% | 3,50% | 16,90% | 2,96% | 5,07% |
ODS Predominates


4,71%

6,72%

27,44%

3,02%

2,86%

3,58%

4,04%

5,07%

3,63%

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3,81%

2,62%

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2,96%

5,07%