Introdução: a força ortodôntica desencadeia uma sequência de respostas biológicas no complexo dentário que podem afetar o tecido pulpar. é fundamental para o cirurgião-dentista conhecer tais alterações para que a mecânica ortodôntica seja realizada de forma segura e precisa. objetivo: revisar sistematicamente a literatura acerca dos efeitos da aplicação da força ortodôntica na polpa dentária, a fim de identificar alterações histomorfológicas, clínicas e radiográficas. método: em setembro de 2020, dois revisores pesquisaram a literatura de forma abrangente e sistemática nas seguintes bases de dados: latin american and caribbean health sciences (lilacs), embase, cochrane library, medline pubmed, scopus, e web of science; uma busca adicional foi realizada na literatura cinzenta, incluindo as bases eletrônicas google scholar, open grey, e proquest teses e dissertações. de acordo com o acrônico picos (população, intervenção, comparação, resultados e estudos), foram incluídos nas revisões sistemáticas ensaios clínicos randomizados (ecrs) e estudos observacionais que avaliaram alterações histomorfológicas, clínicas e radiográficas da polpa dentária após aplicação de força ortodôntica. foram excluídos estudos em dentes com rizogênese incompleta ou traumatizados, séries ou relatos de casos, revisões, estudos laboratoriais, em animais ou que não investigaram a associação entre a força ortodôntica e a ocorrência de alterações pulpares. a avaliação do risco de viés dos estudos observacionais foi realizada através da escala de newcastle-ottawa; e para os ecrs, através da ferramenta cochrane risk-of-bias 2.0 (rob 2). a qualidade geral da evidência foi avaliada pela ferramenta grade. resultados: cinquenta estudos observacionais e sete ecrs foram incluídos nas revisões sistemáticas. na análise histomorfológica do tecido pulpar após a aplicação da força ortodôntica, destacaram-se alterações na arquitetura tecidual, no padrão celular, na angiogênese, na deposição de tecidos duros, e a presença de infiltrado inflamatório crônico. além disso, alterações nos níveis de expressão de quatorze fatores teciduais pulpares foram encontrados. dentre os achados clínicos, a aplicação da força ortodôntica pareceu promover aumento da intensidade da resposta sensitiva da polpa aos testes elétrico e térmicos (frio e quente), e diminuição do fluxo sanguíneo pulpar. alterações no volume interno da cavidade pulpar e aumento da incidência de cálculos pulpares foram os achados radiográficos observados. devido ao grande número de estudos observacionais, ao tamanho amostral e às inconsistências na avaliação e apresentação dos resultados, a maioria dos estudos apresentou moderado risco de viés. a qualidade geral da evidência para todos os desfechos foi classificada como muito baixa. conclusão: embora os artigos incluídos sugiram que a força ortodôntica pareceu promover diversas alterações na polpa dentária, não se pode afirmar que tais alterações sejam realmente devidas ao movimento ortodôntico, pois o nível geral de evidência obtido a partir dos estudos primários foi muito baixo. portanto, mais estudos clínicos com amostras maiores e métodos padronizados são necessários para obter conclusões mais robustas.