O judô convencional ou para deficientes visuais é uma modalidade esportiva de combate caracterizada como intermitente e de alta intensidade. a única diferença da classe do judô para deficientes visuais em relação aos atletas convencionais é que os atletas são divididos em três grupos (além da categoria de peso) conforme o acometimento da visão, sendo estes: b1 – cego total, b2 – percepção de vultos e b3 – definição de imagens. apesar dessa classificação existir, atletas das diferentes classes competem entre si, o que pode ocasionar desvantagem nos aspetos técnico-táticos e desempenho competitivo dos atletas com maior acometimento visual durante os combates. além disso, pouco se sabe sobre a condição física em atletas de judô com deficiência visual, principalmente levando em consideração testes específicos, uma vez que alguns estímulos, como o tátil e o auditivo são compensados em função da falta total ou parcial do sentido da visão. a partir disso, esta tese foi dividida em três estudos cujo os objetivos foram: estudo 1: (a) analisar o desempenho técnico-tático de atletas de judô com deficiência visual de alto nível de acordo com as diferentes classes esportivas a partir dos resultados dos jogos paralímpicos de londres 2012 e rio 2016; estudo 2: (b) investigar a variação técnica e a performance competitiva nos jogos paralímpicos rio 2016 de acordo com as classes esportivas e estudo 3: (c) validar e adaptar o special judo fitness test (sjft) para atletas de judô portadores de deficiência visual a partir de estímulos tátil e sonoro. para os dois primeiros objetivos foram utilizados os livros de resultados dos jogos paralímpicos londres 2012 e rio 2016, os quais contêm resultados descritivos detalhados sobre o desempenho técnico-tático de cada atleta, juntamente com a classe esportiva individual. para a validação e adaptação do sjft, foram avaliados 20 atletas e 26 treinadores, das diferentes classes esportivas a partir de dois protocolos experimentais: estimulo tátil e sonoro, além de uma situação controle (sem estímulo). as análises estatísticas utilizadas nos estudos foram: anova a um fator para verificar diferença das variáveis entre as classes, qui-quadrado para verificar associação entre as variáveis técnico-táticas, correlação de pearson para verificar a relação entre o desempenho técnico-tático e a performance, índice de correlação intraclasse para verificar a reprodutibilidade dos diferentes protocolos do sjft e regressão logística binomial para verificar a razão de chance de obter sucesso nas competições, de acordo com cada classe. todos os testes consideraram um p-valor definido em 0,05. a partir do estudo 1 e 2, os resultados demonstraram que atletas com maior acometimento visual (b1) possuem menor desempenho nos aspectos de desempenho técnico-tático (e.g. scores, índice de eficiência) menores números de medalhas, e menor tempo para perder, comparado aos atletas com menor acometimento visual (b2 e b3). adicionalmente a razão de chance um atleta b1 obter medalhas variou de 3,0 a 7,2 menores comparados aos atletas b2 e b3. o desempenho da variação técnica também foi inferior para os atletas b1, principalmente nas variáveis de razão de vitória, variabilidade técnica e projeções por luta (p<0,05). ainda, em relação ao terceiro estudo adaptação do sjft nos estímulos tátil e sonoro demonstrou boa reprodutibilidade para ambas as adaptações, no entanto somente a adaptação sonora foi capaz de discriminar atletas de acordo com as classes visuais e também demonstrou ser a condição que os atletas apresentam o melhor desempenho nas variáveis do sjft. com base nos resultados das três investigações presentes nesta tese, podemos concluir que atletas com maior acometimento visual (b1) possuem menores desempenho comparado aos com menor acometimento visual (b2 e b3) e a adaptação do sjft nos estímulos sonoros e táteis demonstrou boa reprodutibilidade, sendo o sonoro os estímulo em que os atletas obtiveram melhor desempenho.