O mar atravessa o cotidiano da cidade tocada por ele, quer tenhamos consciência ou não, ele inspira e infunde aos habitantes costeiros práticas peculiares e modos de vida que se desenrolam sob a influência marinha. um encontro que tece espacialidades singulares – como redes de pesca com linhas de fluxos e nós – que se enredam sobre os territórios, configurando a paisagem marítimo urbana. uma paisagem em movimento, viva e vivenciada, tensionada por diversos processos políticos, ecológicos, sociais, culturais e subjetivos. na presente dissertação, trazemos uma análise da paisagem marítimo urbana da área central da ilha de santa catarina, em florianópolis, buscando pensar a cidade a partir das suas relações e na sua integração com o mar, utilizando a experiência de navegar a paisagem, como processo metodológico de imersão nessa cidade insular, para a elaboração de cartografias poéticas (guattari; rolnik, 2005). desse modo, com esse estudo, pretendemos refletir sobre a noção de paisagem e suas poéticas; investigar as práticas, fluxos e subjetividades que atravessam a paisagem beirada por mar, por meio das experiências paisagísticas; e cartografar encontros e desencontros marítimos na borda dessa cidade insular, caracterizada por uma urbanização costeira que não prioriza as dinâmicas do mar e seus habitantes marinhos. além da pesquisa bibliográfica e historiográfica sobre o contexto local e paisagem, vamos a campo cartografar os espaços costeiros e suas intensidades, registrando o deslocamento – por terra e mar – e o encontro mar-pesquisadora-cidade em suportes diversos. como resultado, a análise mostra perspectivas para guiar um possível e urgente manejo ecológico da paisagem costeira com uma abordagem voltada ao reconhecimento dos movimentos de ressingularização (guattari, 1990) da paisagem.