A presente pesquisa focalizou identificar e problematizar desafios e implicações relacionadas à articulação entre conceituação científica e realidade dos educandos no contexto do ensino de física, a partir de elementos oriundos da literatura do campo. essa análise foi pautada pela conceituação de práxis, balizada por formulações do campo crítico-transformador. nesse sentido, também é fundamento teórico e filosófico para essa análise os pressupostos da pedagogia libertadora e pedagogia histórico-crítica, condensados nas elaborações de paulo freire e dermeval saviani. a escolha pelo conceito de práxis e os pressupostos pedagógicos crítico-transformadores se justifica na medida em que foi identificado, a partir de uma revisão de literatura científica do tema, que há uma diversidade qualitativa de formas de se articular o conhecimento científico e/ou escolar com a realidade dos educandos, orientando essa iniciativa de articulação para diferentes compromissos políticos, ou seja, assimilar a realidade em um movimento de articulação com o real não, necessariamente, caracteriza este como crítico-transformador. todavia, de acordo com essa problemática, propôs-se o seguinte problema de pesquisa: que tipos de contradições estão presentes — na literatura em ensino de física — na implementação e/ou proposição de práticas pedagógicas que buscam articular a conceituação científica e o mundo vivido dos educandos? objetivando elucidar essa questão, inicialmente, foi realizada uma busca — nas atas do encontro de pesquisa em ensino de física e no portal de periódicos da capes —, a partir de descritores apropriados, por estudos que propuseram e/ou construíram reflexões, práticas e formulações acerca da articulação entre conhecimento científico em física e a realidade. a partir da análise, de acordo com os pressupostos da análise textual discursiva, dos vinte estudos selecionados no corpus, identificou-se as categorias analíticas práxis crítico-transformadora como referência, sujeito da práxis curricular e contextualização como concepção praxiológica da realidade. enquanto práxis crítico-transformadora como referência que balizaram as elaborações apresentadas nos estudos, identificou-se uma diversidade qualitativa de matrizes de referências que se aglutinaram em concepções mais cognitivistas e tradicionais, em alinhamentos a perspectivas de ciências, tecnologia e sociedade e oriundas do campo freireano. contudo, destaca-se, também, algumas articulações entre as concepções identificadas, o que caracteriza uma interessante flexibilidade tática de construir as concepções crítico-transformadoras de educação. já em relação ao sujeito da práxis curricular, observou-se um agrupamento dos estudos em dois focos: a práxis crítica da estrutura curricular e a culpabilização dos educandos. desse modo, os estudos se dividem entre aqueles que produziam inquietações concentradas na adaptação de sujeitos a uma determinada estrutura e aqueles que inverteram esse raciocínio, colocando a estrutura curricular como problema. em contextualização como concepção praxiológica da realidade, verificou-se predominância de três concepções manifestadas nos estudos analisados, sendo estas a contextualização exemplificadora/ilustradora, a contextualização sociocientífica e a contextualização dialética. por fim, verifica-se uma necessidade de avaliar e criticar cientificamente as iniciativas no campo pedagógico em articular conceituação científica a realidade, pois, como observado nos resultados desta investigação, estas se dão em formas variadas e diversas, e comprometendo-se com diferentes objetivos políticos, colocando a problemática da caracterização dessas articulações.