O presente trabalho investiga as relações entre subjetividade, cidade e criação. ante um contexto que demanda relações rápidas, pragmáticas e objetivas, busca o resgate da singularidade no espaço urbano, bem como a importância da criação de dispositivos que provoquem o fortalecimento dos laços sociais. tem como objeto principal de análise as operações artísticas do projeto carroça ou armazém de histórias ambulantes, da artista brasileira ana flávia baldisserotto, desenvolvido na cidade de porto alegre, situada no sul do brasil. assim, a dissertação é composta por dois artigos, que analisam o dispositivo supracitado, buscando articulá-lo às questões da subjetividade, da cidade e dos laços sociais. os artigos tem como sustentação teórica a psicanálise freudo-lacaniana, a crítica de arte contemporânea e a filosofia. no primeiro artigo, busca-se as aproximações entre arte e psicanálise, articulando conceitos como o de inconsciente, sujeito e significante. através de uma microeconomia poética, símbolo de troca na cidade contemporânea, idealiza refletir sobre o valor do encontro como outro. no segundo artigo, busca-se encontros entre a concepção de sujeito proposta pela teoria psicanalítica freudo-lacaniana, com o campo das artes, bem como as contribuições de walter benjamin e milton santos, a fim de aproximar as realidades que habitam os espaços das cidades. assim, busca-se o resgate da singularidade que se encontra apagada no processo de homogeneização dos discursos, higienização das cidades e a ilusão de antecipar as respostas que o desejo coloca. a arte e a psicanálise desestabilizam o eixo dos discursos e imagens prontos e das produções de sentido. é esta também uma característica das obras de ana flávia baldisserotto ao apresentar um dispositivo que cria um espaço, no qual se sustenta a potência da falta, possibilitando que o sujeito do desejo encontre brechas por onde resistir.