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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Não Informado

Departamento: Não Informado

Dimensão Institucional: Pós-Graduação

Dimensão ODS: Social

Tipo do Documento: Tese

Título: MULHERES, PRISÕES E GUERRA ÀS DROGAS: DESAFIOS PARA UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

Orientador
  • FABIO PERES GONCALVES
Aluno
  • BEATRIZ BIAGINI

Conteúdo

O objetivo da pesquisa foi apreender e caracterizar desafios para a educação em ciências da natureza de mulheres encarceradas em uma perspectiva libertadora, assumindo como referencial teórico e metodológico o trabalho do educador paulo freire (2013; 2015). a pesquisa contou com uma aproximação inicial à realidade de mulheres encarceradas a partir da literatura e com duas etapas de entrevistas, envolvendo mulheres encarceradas e docentes que lecionavam em prisões. tais entrevistas foram analisadas de acordo com os procedimentos metodológicos da análise textual discursiva (moraes; galiazzi, 2013). no estudo da literatura reconhecemos um conjunto de situações problemáticas que afetam parte significativa das mulheres encarceradas no brasil e que poderiam representar obstáculos à sua liberdade. quatro delas se tornaram objetos de problematização em entrevistas com um grupo de mulheres em uma unidade penal do estado de santa catarina: a condição de mãe; o consumo intensivo de psicofármacos na prisão; o encarceramento sob acusação de tráfico de drogas; e o uso problemático de drogas. o objetivo dessas entrevistas foi apreender as compreensões das mulheres sobre tais situações e as maneiras como elas se relacionavam a suas experiências concretas. emergiram das análises: a noção de que as drogas criminalizadas representam um grande mal, sendo identificadas com destruição; o determinismo químico e biológico na interpretação da compulsão por drogas; a compreensão de que existe uma realidade dolorosa que antecede e ultrapassa a compulsão por drogas, sendo o seu uso uma forma de amenizar sofrimentos; limites explicativos em relação a efeitos, riscos e danos associados aos diversos tipos de drogas, bem como em relação às suas articulações com contextos e outros condicionantes para os variados usos de cada droga; experiências com usos de drogas que não se associavam a "destruição"; a participação feminina em posições subalternizadas no tráfico de drogas; a tensão entre prosperidade e destruição nas interpretações sobre a participação no tráfico de drogas. na segunda etapa de entrevistas, falas das mulheres, que expressavam cada um desses aspectos, foram problematizadas com um grupo de docentes que lecionava em prisões. com isso, apreendemos possibilidades e obstáculos para a abordagem pedagógica dos aspectos problemáticos que reconhecemos na etapa anterior. como possibilidades vislumbradas e conquistadas por parte do grupo, destacamos: a problematização das relações de compulsão por drogas e dos estereótipos fatalistas sobre usos e usuárias(os); o estudo das raízes históricas da guerra às drogas; a abordagem pedagógica dos problemas que afligem estudantes, considerando que a compulsão é favorecida por sofrimentos que a antecedem e a ultrapassam; o recurso a debates, rodas de conversa e estudo de reportagens com conhecimentos atualizados sobre problemas que afetam estudantes. o grupo também indicou necessidades das mulheres que não estavam associadas aos usos de drogas e que eram exploradas em suas aulas: falta de assistência à saúde; ambientes insalubres; doenças infectocontagiosas; ampliação dos conhecimentos sobre ciclo reprodutivo; acesso a métodos contraceptivos. entre os obstáculos apreendidos nas análises, destacamos: o imperativo da segurança como justificativa para todo tipo de restrições ao trabalho docente; a percepção da "ressocialização" como responsabilidade docente; aproximações entre docentes e mulheres presas nas interpretações sobre os fenômenos discutidos; a noção de que a prevenção deveria ser um objetivo educativo para o ensino sobre drogas nas aulas de ciências da natureza. interpretamos esses obstáculos como desafios e defendemos processos formativos de docentes que contemplem a problematização das relações humanas com drogas psicoativas, de seus processos de criminalização, da guerra às drogas e das ideologias que a sustentam. também defendemos que os problemas discutidos ao longo da tese se tornem objetos de estudo na educação desenvolvida em escolas dos mais diversos contextos além da prisão, seja com crianças, adolescentes, jovens ou adultos. pois a escola atua na construção do senso comum sobre drogas e sobre punição, que constituem ferramentas ideológicas de reprodução dos processos de criminalização, de legitimação do encarceramento em massa e de opressão sobre as classes populares.

Índice de Shannon: 3.12968

Índice de Gini: 0.826388

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
1,92% 2,79% 23,07% 30,69% 4,89% 1,85% 1,73% 3,46% 2,73% 1,69% 2,49% 2,58% 2,02% 2,13% 3,01% 12,94%
ODS Predominates
ODS 4
ODS 1

1,92%

ODS 2

2,79%

ODS 3

23,07%

ODS 4

30,69%

ODS 5

4,89%

ODS 6

1,85%

ODS 7

1,73%

ODS 8

3,46%

ODS 9

2,73%

ODS 10

1,69%

ODS 11

2,49%

ODS 12

2,58%

ODS 13

2,02%

ODS 14

2,13%

ODS 15

3,01%

ODS 16

12,94%