A introdução de insetos-praga é um exemplo que ilustra como o transporte e o cultivo de plantas ao redor do mundo favoreceu também a movimentação de organismos que utilizam essas espécies como hospedeiras. estudos mostram que os custos de controle e erradicação de uma praga agrícola e/ou florestal são muito superiores aos custos de prevenção da invasão. nesse sentido, estudos que mapeiem as regiões com maiores probabilidades de invasão são fundamentais para o planejamento de ações fitossanitárias que objetivem impedir a introdução de espécies. assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o risco de invasão biológica por dez espécies de insetos-praga do eucalipto no brasil em diferentes cenários de mudanças climáticas, aferindo possíveis impactos dessas espécies na eucaliptocultura brasileira por meio da quantificação dos municípios produtores de eucalipto que estão em áreas adequadas para a ocorrência dos insetos-praga. para isso, utilizaram-se modelos de distribuição de espécies (mdes) com o algoritmo de entropia máxima implementado no software maxent. este algoritmo de aprendizado de máquina estima a probabilidade cumulativa de entropia máxima com base em registros de ocorrência de espécies e variáveis ambientais. análises espaciais foram utilizadas para identificar as áreas de produção de eucalipto sob risco de ataque e as áreas de maior risco de invasão baseados em informações de fluxo de passageiros e comércio internacional. os modelos climáticos ajustados para as condições climáticas do presente foram projetados para condições futuras previstas para 2050 e 2070 usando dois cenários de mudança climática representando emissões de gases do efeito estufa intermediárias (rcp4.5) e elevadas (rcp8.5). as áreas preditas como adequadas e ótimas para as espécies estão distribuídas em diferentes regiões do brasil. da mesma forma, as alterações estimadas pelos modelos na distribuição das espécies variaram conforme a espécie, o ano e o cenário de mudanças climáticas. um aumento na área adequada em todos os anos e cenários de mudanças climáticas foi estimado para três das 10 espécies (eucalyptolyma maideni, paropsisterna beata e sinoxylon anale), enquanto para 2 espécies (mnesampela privata e trachymela sloanei) foram estimados aumentos e perdas de áreas adequadas conforme o ano e cenário de mudanças climáticas. por outro lado, os modelos estimaram perda de área adequada para cinco espécies (lymantria dispar, ophelimus maskelli, orgyia postica, paropsis atomaria e paropsisterna cloelia). ao quantificarmos o número municípios brasileiros produtores de eucalipto que estão sob risco de invasão, temos que dos 2701 municípios produtores, 2701, 2655 e 2582 estão dentro da faixa adequada para l. dispar, o. postica e t. sloanei, respectivamente. esses dados mostram, portanto, que a eucaliptocultura brasileira corre demasiado risco caso as espécies modeladas neste estudo entrem no país. os resultados da presente dissertação podem ser utilizados por autoridades fitossanitárias para estabelecimento de medidas fitossanitárias contra a invasão de espécies insetos-praga do eucalipto no brasil.