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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Não Informado

Departamento: Não Informado

Dimensão Institucional: Pós-Graduação

Dimensão ODS: Institucional

Tipo do Documento: Tese

Título: É A LAMA, É A LAMA: UMA ANÁLISE PRAGMATISTA DAS TRAJETÓRIAS DA AÇÃO PÚBLICA NA REPARAÇÃO DO CRIME-DESASTRE DA SAMARCO NA VILA DA REGÊNCIA AUGUSTA - LINHARES (ES-BRASIL).

Orientador
  • MAURICIO ROQUE SERVA DE OLIVEIRA
Aluno
  • DANILO JOSE ALANO MELO

Conteúdo

A emergência dos desastres tem desafiado as sociedades tanto na compreensão de sua constituição enquanto fenômeno sociotécnico, quanto na construção das respostas aos seus efeitos. os impactos chocam e trazem dramaticidade aos eventos e, do dia para a noite, as comunidades e os sujeitos afetados tornam-se atingidos e vítimas em busca de reparação e da reconstrução de suas vidas. o rompimento da barragem de rejeitos do fundão, da samarco, em novembro de 2015, foi considerado o maior desastre em termos de volume de lama e distância percorrida. em função dos erros de planejamento e procedimentos operacionais tem assumido contornos de um crime-desastre. a pluma de rejeitos atravessou 663 quilômetros do rio doce, passando por aproximadamente 40 cidades, e foi lançada ao mar em aproximadamente quinze dias, tendo engendrado uma série de consequências que tem sido alvo de disputas e perpetuam o desastre e o sofrimento nas comunidades. desde então, atores têm se dedicado a denunciar os efeitos e operam com vistas a reparar nos territórios atingidos. essa tese tem por objetivo ‘compreender as trajetórias da ação pública da reparação do crime-desastre da samarco em regência augusta’, na foz do rio doce. entendemos trajetórias como processos não lineares no espaço e tempo que atravessam as realidades dos atores. delimitamos as ações de reparação como aquelas que os atores empreendem com vistas a solucionar problemas públicos decorrentes do crime-desastre no território. propomos, nesta tese, uma abordagem da ação pública a partir de um posicionamento pela democratização ontológica com o pragmatismo e mobilizamos conceitos e operadores analíticos da sociologia pragmática francesa. procuramos evidenciar as arenas e as cenas, as controvérsias e os argumentos, os dispositivos e os instrumentos nas trajetórias da ação por meio das experiências e dos meios em interação no território. adotamos postura etnográfica com visitas de campo, com aproximadamente 30 dias em campo, e utilizamos recursos da socioinformática das controvérsias com suporte do prospero, compondo um corpus com 856 reportagens até setembro de 2018. com relação a coleta de dados primários, durante a pesquisa de campo em 2017, 2019 e 2020, realizamos entrevistas semiestruturadas com 27 atores e participamos de reuniões. por meio de uma postura pragmatista, centrada na ação e nos seus efeitos, analisamos a trajetória por meio de uma descrição densa das experiências, resgatando memórias e preensões no território. identificamos a incomensurabilidade nas lógicas da ação pública de reparação a partir dos repertórios normativos frente aos dispositivos. a construção dos dispositivos oficiais da reparação engendrou desafios sociopolíticos e sua implementação evidenciou a falta de aderência aos meios, ampliou conflitos ao dividir e categorizar os atingidos, fragilizou lideranças e relações entre atores e submeteu os atores a instrumentos e critérios pouco participativos. a implementação das ações compensatórias de modo individualizado trouxe desafios e exigiu coordenação da ação pública local, que se organizou dentro e fora dos dispositivos oficiais. o que se disputa são as preensões (prises) sobre o desastre e a reparação. os direitos são, desse modo, conquistados ou disputados com luta e articulação. enquanto a agenda da reparação oficial tem predominância da renova com a compensação, os atores locais estruturam uma agenda para federar causas comuns (água, saúde, meio ambiente) na reconfiguração do território. enquanto a reparação reproduz uma lógica financeira e institucional-legal da reparação, a reconfiguração se apoia no resgate da memória e dos corpos dos atingidos para reconstruírem suas vidas. considera-se, por fim, que a trajetória de reparação deve se constituir enquanto espaço de investigação coletiva dos efeitos em fóruns híbridos, e, sobretudo, ser desenvolvida como uma experimentação pública democrática ancorada nas realidades dos meios (milieux) com os atores e para os atores.

Índice de Shannon: 3.77333

Índice de Gini: 0.915435

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
3,22% 3,48% 5,82% 3,79% 4,79% 10,92% 3,07% 4,95% 4,94% 3,20% 12,86% 2,97% 12,28% 5,75% 4,24% 13,72%
ODS Predominates
ODS 16
ODS 1

3,22%

ODS 2

3,48%

ODS 3

5,82%

ODS 4

3,79%

ODS 5

4,79%

ODS 6

10,92%

ODS 7

3,07%

ODS 8

4,95%

ODS 9

4,94%

ODS 10

3,20%

ODS 11

12,86%

ODS 12

2,97%

ODS 13

12,28%

ODS 14

5,75%

ODS 15

4,24%

ODS 16

13,72%