A população das cidades cresce a cada dia e demandas são geradas em razão desse crescimento, como alimentação, energia e mobilidade. dessa forma, a produção de alimentos nos limites da cidade sem o uso de agrotóxicos, intitulada agricultura urbana orgânica (auo), pode ser uma alternativa viável para garantir a segurança alimentar dos citadinos, promover a sustentabilidade com o uso de resíduos gerados na própria cidade e gerar renda aos trabalhadores envolvidos. por outro lado, a supressão do uso de produtos químicos na agricultura reduz os riscos ambientais ligados aos agrotóxicos. fundamentado nisso, esta tese buscou elementos para esclarecer questões sobre as condições ergonômicas do trabalho na auo. assim, o objetivo foi caracterizar as condições ergonômicas considerando exigências física, cognitiva e organizacional de agricultores urbanos orgânicos da cidade de rio do sul (sc). esta pesquisa classifica-se como exploratória, com levantamento bibliográfico para a fundamentação teórica, e descritiva, com pesquisa de campo. a fundamentação teórica incluiu revisão de literatura, revisão bibliométrica e marco regulatório. com isso, identificou-se que há uma lacuna sobre as condições ergonômicas destes agricultores e não foi identificado qualquer estudo na linha temática com essa população. para a pesquisa de campo, utilizou-se a metodologia análise ergonômica do trabalho (aet) e, para selecionar as atividades que seriam analisadas nos estudos de caso foi realizado um levantamento, que contou com a participação de agricultores urbanos orgânicos dos municípios de rio do sul e araras, com aplicação de entrevistas semiestruturadas entre junho e novembro de 2018. as entrevistas incluíram também questões fechadas, observando-se as alternativas mais indicadas, e outras abertas, examinadas conforme análise de conteúdo. esta análise de conteúdo permitiu a construção de categorias temáticas: perspectiva de futuro, vantagens, dificuldades, certificação, organização do trabalho, aspectos técnicos, carga física, carga cognitiva, relação com consumidores e sustentabilidade. o resultado desta fase apontou as atividades: fazer canteiro, carpir ou capinar, revirar o solo, deslocamento e comercialização como aquelas com maior dificuldade de realização ou que apresentam algum entrave, direcionando assim a fase seguinte. os estudos de caso foram realizados com agricultores da cidade de rio do sul e ocorreu entre outubro de 2018 e março de 2019. as técnicas utilizadas nesta fase foram: entrevistas, questionários e observação direta e indireta, por meio dos instrumentos owas, nasa tlx e questionário nórdico. com isso, os resultados mostraram exigências impostas ao trabalhador contemplando cargas físicas e cognitivas. quanto às cargas físicas, a exigência de posturas incômodas foi detectada mas com ciclos de trabalho curtos e alternados, resultado da diversidade de tarefas. além disso, há um aumento das cargas cognitivas, em grande parte devido à relação entre a baixa experiência e a alta demanda de conhecimento que a atividade impõe. a gestão da comercialização também é fator detectado que eleva a carga cognitiva. quanto à organização do trabalho, a autonomia se apresentou como principal característica desta atividade, que permite adequações e descansos em relação à exigência física. a insuficiência de assessoria técnica, a baixa mecanização, a carência de políticas públicas efetivas também foram elementos listados como obstáculos para o crescimento da auo. assim, apesar da supressão dos agrotóxicos e os riscos correlatos, diversas exigências são impostas ao trabalhador da auo e a busca por um equilíbrio entre as cargas físicas e cognitivas é imprescindível para a manutenção da saúde destes trabalhadores.