O ambiente social estável é um dos principais fatores para garantir bons níveis de bem-estar aos animais de produção. devido à sua importância, os objetivos deste trabalho foram avaliar a influência da hierarquia social de vacas leiteiras no acesso a um suplemento alimentar, na produção e qualidade do colostro. para atender aos objetivos, este trabalho foi dividido em dois artigos. no artigo 1 avaliou-se a influência da hierarquia social e do grau de afinidade entre animais de diferentes categorias sociais no acesso a um suplemento alimentar limitado. o experimento foi composto por duas etapas: na etapa 01 - foram observadas interações sociais positivas (lambidas e proximidade de pares preferenciais) e negativas (interações agonísticas) de um grupo de 19 novilhas mestiças criadas a pasto. com estes dados, foram estabelecidas as relações de afinidade entre animais de diferentes categorias sociais: alto ranque social (ar), baixo ranque (br) e ranque intermediário (ri). com isso, foram definidos os tratamentos: duplas alta e baixa afinidade e trios alta e baixa afinidade. na etapa 2, foram realizados testes de arena para avaliação do tempo de latência, tempo de permanência no cocho e número de interações agonísticas durante a suplementação alimentar. houve influência (p<0,05) da relação de afinidade no tempo de permanência no cocho dos animais br nas duplas. os animais ar permaneceram mais tempo no cocho e tiveram menor latência em todos os tratamentos. a afinidade com ar não evitou que os animais br fossem as principais vítimas das interações agonísticas em todo o período experimental. no artigo 02, avaliou-se a qualidade do colostro e os níveis de cortisol das diferentes categorias sociais de bovinos leiteiros, mantidos em constante reagrupamento durante o período de transição. participaram deste estudo 49 vacas holandesas, alojadas em sistema free-stall e reagrupadas semanalmente. no dia anterior ao reagrupamento, foram realizadas coletas de peso, avaliação do escore de condição corporal, primeira coleta de pelos da cauda (análise de cortisol) e identificação com números na lombar. após 60 h do reagrupamento foram registradas todas as interações agonísticas durante 48 h consecutivas. desta forma, obtivemos a categoria social (dominante (d), intermediário (i) e subordinado (s)) de cada animal em cada semana que permaneceu no experimento. após o parto, foi coletada amostra de colostro da primeira ordenha para avaliação da qualidade e mensurado a produção das duas primeiras ordenhas. a segunda coleta de pelo foi realizada 10 dias após o parto (cp10). a categoria social influenciou (p<0,05) na produção do colostro da primeira ordenha (d = 8,87 ± 4,87 kg; i = 6,05 ± 4,01 kg; s = 5,10 ± 3,09 kg) e afetou (p<0,05) a qualidade do colostro, sendo que as subordinadas apresentaram maiores valores médios de brix (27,04%), diferenciando-se (p<0,05) das intermediárias (24,11%). enquanto que o valor médio de brix das dominantes (25,07%) não diferenciou das demais. houve interação (p<0,05) do número de lactações e da categoria social nos níveis médios de cortisol durante o período de transição (cp10). porém não houve influência da categoria social nos níveis médios de cortisol. subordinadas apresentaram valores médios de cortisol cp10 de 7,38 ± 2,31 pg/mg, seguido das intermediárias com 7,07 ± 2,37 pg/mg e dominantes com 6,4 ± 0,92 pg/mg. com essa pesquisa, pode-se concluir que os comportamentos sociais de bovinos leiteiros podem afetar negativamente o acesso ao alimento das categoriais sociais inferiores. além do que, o estresse do reagrupamento somado ao da dominância social durante o período de transição são prejudiciais a qualidade do colostro, porém não alteram os níveis de cortisol.