Introdução: a avaliação centrada na utilização tem sido motivada pelo uso limitado dos relatórios de resultados para embasar decisões, fato que permitiu sistematizar suas principais categorias. o uso dos resultados apresenta três tipologias: instrumental, apoiando a tomada de decisão ou promovendo mudanças no programa; uso conceitual, produzindo conhecimento e indicando mudanças de pensamento; uso simbólico, legitimando decisões. o uso processual evidencia que todo processo avaliativo promove mudanças de comportamento e aprendizado. no brasil, ações para aprimorar o acesso e qualidade da saúde tem sido incentivadas por meio de resultados avaliativos, com destaque para o programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica (pmaq-ab). a proposta possui três fases sucessivas e um eixo estratégico transversal, com capacidade para sustentar a utilização da avaliação para qualificar ações na atenção básica. apesar do uso ser temática central na avaliação, sua investigação em saúde no brasil é incipiente e nenhum estudo desta natureza foi conduzido com o pmaq-ab. objetivos: avaliar o uso do pmaq-ab nas ações da gestão de atenção básica e das equipes de saúde. método: a metodologia ocorreu em duas etapas: estudo de avaliabilidade (ea) e estudo de caso (ec). o ea objetivou construir o modelo teórico-lógico e a matriz avaliativa com base em pesquisa documental e revisão bibliográfica, sendo ambos validados por especialistas. o ec ocorreu em cinco municípios de santa catarina, tendo a gestão de atenção básica e as equipes de saúde como unidades de análise. a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, gravadas, transcritas e analisadas segundo os indicadores definidos pela matriz avaliativa (análise temática). resultados: para o ea, os especialistas enfatizaram a clareza da proposta e do objeto de avaliação, bem como apontaram a consistência teórica da construção. na aplicação do ec, para o uso dos resultados, a tipologia mais frequente foi o uso simbólico, influenciando decisões e demonstrando relações de poder entre as partes interessadas. no uso conceitual, o entendimento de avaliação enquanto cobrança e punição foi presente e a aprendizagem teve pouca relação com o uso dos resultados. o uso instrumental foi o menos praticado, sinalizado pela demora na divulgação dos resultados e dificuldades para acessar os relatórios da avaliação. sobre o uso processual, os instrumentos do programa foram os principais responsáveis por esta forma de utilização. o pmaq-ab teve boa receptividade, enquanto sua credibilidade foi questionada pelas equipes. as principais mudanças individuais foram compreensão das ações gerenciais e do processo de trabalho, melhora das relações interpessoais e aprendizado. o programa foi reconhecido por promover melhorias na infraestrutura e recursos materiais nas unidades de saúde, bem como, na organização do processo de trabalho (mudanças na cultura organizacional). contudo, fragilidades no apoio institucional, comunicação e discussão dos resultados e na cooperação horizontal foram observados. conclusões: constatou-se uma falha de continuidade no pmaq-ab marcada pela não devolutiva dos resultados da avaliação externa, fazendo com que todo o movimento de mudança desencadeado pelo programa impeça a retroalimentação do ciclo avaliativo. esta adequação que precisa ser revista a fim de que não se perca um importante movimento para institucionalização da avaliação da atenção básica no país alcançado pelo pmaq-ab.