A presente dissertação aborda a relação entre as noções de política, trabalho e individualismo presente entre os kaingáng da ti xapecó, localizada no oeste do estado de santa catarina. buscou-se compreender essa relação através dos processos de territorialização pelos quais essa população atravessou desde o período imperial até a república, responsáveis por promover mudanças em sua organização sociopolítica e nas suas formas de subsistência. nesse entremeio, destacam-se as intervenções de órgãos tutelares republicanos como o serviço de proteção aos índios (spi) e a fundação nacional do índio (funai), resultando em profundas transformações na paisagem de suas terras, nas suas formas organizativas e nas atribuições de suas chefias. estas agências colaboraram com avanço das relações capitalistas sobre o seu território e a incorporação da sua mão de obra nesse processo. no entanto, destacamos diferentes formas de resistências e protagonismos providos pelos kaingáng. deste modo, analisa-se a concepção de política encontrada entre os interlocutores, através das suas percepções sobre as recentes mudanças no modo de atuação das suas lideranças por conta da introdução do sistema de eleições para cacique, chamado pelos indígenas de sistema democrático. este foi implantando através da intervenção de organismos não indígenas como o ministério público federal e a polícia federal durante o início da década dos anos 2000. relacionamos as percepções sobre suas chefias com as discursividades sobre seus trabalhos contemporâneos, focando nas consequências da entrada massiva de indígenas no mercado de trabalho, empregados em frigoríficos da região. estes eventos tem influenciado as relações intercomunitárias na ti xapecó, entendidas como responsáveis pelo surgimento do que chamam individualismo. os dados utilizados foram obtidos através de um trabalho de campo realizado entre os anos de 2016 e 2017 através da metodologia etnográfica.