O presente estudo pretende analisar como a narrativização da aquisição de gênero é questionada em wuthering heights. a minha leitura se atenta especialmente à crise de identidade pela qual a personagem de catherine earnshaw passa, argumentando ser esse conflito fruto da sua resistência em seguir o curso estabelecido pelo discurso de desenvolvimento sexual em sua versão patriarcal; uma narrativa que critico especialmente através da perspectiva queer de judith butler (1990, 1993). além disso, como o texto de emily brontë está profundamente imbricado no contexto do imperialismo britânico, o discurso de gênero é abordado como uma das hierarquias que, como formula ramón grosfoguel (2006), constitui e dá coerência à matriz de poder do mundo moderno/colonial; faço assim uma leitura de como gênero, sexualidade e colonialidade se entrelaçam. a crítica queer de tais narrativas de desenvolvimento sexual prossegue através de duas tentativas diferentes de conceber o conceito de queerness em relação à temporalidade: o pragmatismo de lee edelman (2004) e o utopianismo de josé e. muñoz (2009). a conceitualização feita por edelman de que o queer é o sinthome que atravessa as fantasias sociais de totalidade e identidade, assim como o imperativo ético que ele associa com esse papel, torna-se um aspecto importante da minha análise de heathcliff no segundo capítulo. no entanto, como o seu pragmatismo é considerado insuficiente em termos políticos, abordo-o tendo em mente a crítica de muñoz. concluo oferecendo uma meditação sobre os limites da esperança no futuro e tento avaliar o que há de relevante ainda no ceticismo.