O problema discutido nesta investigação abrange a análise de quatro produções de hamlet com relação às suas abordagens referentes a específicos contextos políticos e históricos. três montagens da royal shakespeare company foram selecionadas, a saber, as dirigidas por peter hall (1965), steven pimlott (2001) e michael boyd (2004). a produção brasileira da peça dirigida por marcio meirelles (2015) também foi incluída neste estudo. o hamlet de hall debate questões relacionadas a elementos significativos da guerra fria, enquanto que a produção de pimlott aborda situações relacionadas com a eleição presidencial nos estados unidos em 2000. quanto ao trabalho de boyd, a produção trata dos assuntos de espionagem e da crise de sucessão na era elisabetana. já o hamlet de meirelles, encenado no teatro vila velha, em salvador, bahia, e que fez uso da tradução do primeiro in-quarto por josé roberto o’shea, explora questões referentes às especulações iniciais do impeachment da ex-presidente dilma rousseff e às atividades do movimento passe livre. cenas específicas da peça foram selecionadas com o intuito de investigar a abordagem crítica de tais assuntos. sobre o arcabouço teórico, este estudo baseia-se na noção de performance text, segundo marco de marinis, a qual trata de aspectos relacionados à contextualização de produções teatrais. para a análise dos elementos visuais nas montagens, noções de dennis kennedy são utilizadas, assim como o conceito de rescripting de alan dessen é aplicado para o estudo dos aspectos verbais. todas as produções analisadas propiciam valiosos diálogos entre elementos de peça e os assuntos contextuais mencionados, oferecendo uma crítica aguda e pontos de vista específicos sobre questões políticas cruciais e contemporâneas, além de proporem um exame referente à repercussão de tais circunstâncias.