O presente estudo centra-se nos "sagrados na cultura das parteiras em timor-leste". trata-se de um estudo de caráter exploratório e descritivo, tendo sido utilizada uma metodologia de natureza qualitativa e quantitativa. a análise deste estudo foi o processo utilizado na abordagem exploratória e analítica acompanhada por uma análise dos dados. entretanto, as principais conclusões a que se chegou foram as seguintes: apesar do avanço da tecnologia, o recurso ao serviço das parteiras tradicionais em timor-leste continua a ser considerado indispensável, sobretudo em situações de emergência e falta de acesso aos serviços hospitalares modernos. foi igualmente observado que, nos estágios dos estudantes do curso de parteiras da untl e ics. as parteiras não questionavam "o porquê" das mães grávidas e das suas famílias continuarem a aplicar estes costumes e hábitos culturais - (como colocar o sinal de carvão ou colocar pano preto ao lado da criança na hora de dormir, uma fita preta no pescoço, levar um limão na bolsa) no dia-a-dia com o intuito de preservar a saúde. o nosso interesse em conhecer estes fatos intensificaram-se cada vez mais, tendo-nos surgido mais questões que vão além de simples estudo sobre os hábitos tradicionais do lulik, mas ainda saber quais são os discursos atuais acerca da tradição cultural como também sobre as formas de atendimento utilizadas pelas parteiras profissionais e até que ponto as mães acreditam no atendimento oferecido pela rede pública de saúde. questionando sobre o envolvimento das parteiras tradicionais no processo de parto com recurso ao ritual. será que estas formas tradicionais usadas levam a uma série de problemas na saúde materno-fetal? para os timorenses, o diálogo é um guia transformador para a afirmação da sua personalidade pessoal e colectiva. o diálogo não pode dissociar-se dos "saberes tradicionais" constatados nos lulik e na uma-lulik, que nas ações das parteiras como profissionais de saúde, procurando ser praticado na vida de forma justa e responsável. neste âmbito que procuramos compreender também que timor-leste é constituído por "multiplas identidades linguísticas" (paulino, 2011a), diversas formas de representação das casas sagradas, montanhas e ribeiras sagradas. tentamos perceber também a importância da uma-lulik para a sociedade timorense, considerando-a como centro do "fluxo de vida", isto é, filosoficamente é o berço da vida saudável e higiênica. isto pode ser observado na divisão do uma-lulik, onde o espaço interior é o altar da convivência e diálogo familiar, e as partes que não são consideradas lúlik serão construídas no exterior, como a construção da casa de banho e a celebração dos rituais da colheita. este nobre símbolo da casa sagrada já estava preservado desde os tempos primordiais. é necessário saber que lulik, para os timorenses, é padrão moral, isto é, o lulik representa uma força que regula os comportamentos e as atitudes no que respeita ao comprimento de certas normas reguladoras da vida dos seus crentes, nomeadamente a relação dos direitos e obrigações dos membros da família, onde as mulheres timorenses são "fluxos de vida" (fox, 1980) e "cycle of live" (hicks, 1976). isto significa que todo o processo de reprodução e dialógica da sociedade timorense surge no seio familiar, entre um homem e uma mulher que decidem formar uma família em torno da relação dual "mane-feto".