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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Dimensão Institucional: Pós-Graduação

Dimensão ODS: Institucional

Tipo do Documento: Dissertação

Título: O MUNDO DA VIDA DE MULHERES QUE INDUZIRAM O ABORTO: UM ESTUDO FENOMENOLÓGICO SOCIAL

Orientador
  • EVANGELIA KOTZIAS ATHERINO DOS SANTOS
Aluno
  • SANDRA ELISA SELL

Conteúdo

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, com abordagem fenomenológica social, que teve como objetivo geral compreender o mundo da vida de mulheres que praticam ações para a indução do aborto, à luz do referencial teórico-filosófico e metodológico de alfred schutz. para alcançar este objetivo, fez-se necessário apreender as ações praticadas por mulheres que induziram o aborto e os motivos que as levaram a praticá-las; construir o tipo vivido a partir de categorias concretas da ação social e proceder à análise compreensiva deste tipo, constituindo-se, desta maneira, os objetivos específicos. o estudo foi desenvolvido no cenário de uma maternidade pública do sul do brasil, sendo a escolha do local justificada pela demanda de mulheres que são internadas diariamente para curetagem pós-abortamento. os sujeitos significativos que compuseram o grupo social estudado foram 13 mulheres que tinham vivenciado a prática do aborto induzido. a obtenção das descrições experienciais foi realizada no período compreendido entre abril e junho de 2012 utilizando-se um roteiro-guia (apêndice b) subdividido em duas partes: i - levantamento das situações biográficas em que as mulheres se encontravam e ii – entrevista norteada pela seguinte questão: o que levou você a praticar ações que levam a indução do aborto? conte-me sobre isso. foram utilizados também o diário de campo e os prontuários como fontes complementares. os encontros aconteceram à beira do leito, através de relacionamento face a face. a pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da maternidade onde ocorreu o estudo. o processo de análise foi desenvolvido com base nos postulados de schutz, tendo como suporte as etapas preconizadas por giorgi (1985). foram percorridos os passos que possibilitaram a construção de categorias do concreto vivido, identificando os “motivos para” e os “motivos porque” na interpretação subjetiva dos sujeitos. este método, possibilitou compreender o mundo da vida dos atores sociais estudados. o estudo resultou em três manuscritos. o primeiro consistiu em uma revisão integrativa de literatura, que teve como objetivo identificar a contribuição das pesquisas desenvolvidas sobre o que motiva as mulheres a induzir o aborto e o significado desta experiência em suas vidas. o segundo objetivou apresentar algumas das principais ideias da fenomenologia sociológica de alfred schutz enquanto referencial teórico-filosófico para a pesquisa em enfermagem. e o terceiro, buscou responder aos objetivos do estudo propriamente ditos e apresenta os resultados. a análise das descrições experienciais dos sujeitos significativos do estudo, permitiu apreender as ações praticadas pelas mulheres para a indução do aborto, os motivos que as levaram a praticálas, e o tipo vivido, a partir da interpretação das ações praticadas. deste modo, o estudo revelou que essas mulheres ingerem medicamentos contraindicados para gestantes, usam repetidamente bebidas alcoólicas, ingerem infusões com gemada acrescida de vinho fervente, chás com ervas abortivas e canela, fazem uso de cytotecr oral e/ou intravaginal, saltam de uma banqueta com a intencionalidade de induzir o aborto em razão da rejeição da gravidez pelo companheiro, do medo da reação dos pais diante da gestação, ou por dificuldades financeiras, projetos de vida e limitação da prole. as categorias concretas do vivido se constituíram em: a prática de ações para a indução do aborto motivada pela falta de apoio do companheiro; pelo medo da reação dos pais; pelas dificuldades financeiras, projetos de vida e limitação da prole. ao encontrar a intencionalidade por trás das ações praticadas pelo grupo social em estudo, foi possível descrever o tipo vivido “mulher que induz o aborto pelo desejo de resolver os conflitos gerados pela gestação não planejada desejada ou indesejada”. identificou-se que suas ações são resultantes de fatores sedimentados em sua situação biográfica, da qual fazem parte toda a rede de relacionamentos sociais com as quais as mulheres precisam lidar, tentando resolver situações que se tornam relevantes em determinados momentos de suas existências. a decisão em se engajar em ações para a indução do aborto não é individual, mas sim, uma decisão social, na qual as mulheres são apenas um elemento do conjunto. observou-se também, que vários fatores interferem nestas decisões, nas quais os padrões socioculturais têm influência marcante. concorrem neste cenário: a desigualdade nas relações de gênero, o patriarcalismo, a educação formal, a religiosidade, enfim, os papéis sociais definidos pelo grupo interno. ao compreender as mulheres que praticam ações para a indução do aborto, através dos significados que estas dão às suas ações, atos, decisões, relações, ou seja, suas vivências pôde-se compreender o mundo da vida destas mulheres. em posse desses resultados, e diante do que foi possível apreender neste estudo, recomenda-se a inclusão desta temática nos planejamentos de educação nos diversos setores sociais, já que as evidências apontam a questão da indução do aborto para além de uma questão de saúde, ou de uma opção entre vida e morte da mãe ou do feto. mostra-se então, como uma questão muito mais abrangente que suscita a (des)construção de modelos sociais que impulsionam à vulnerabilidade. sugere-se outros estudos, que investiguem a problemática do aborto induzido trazendo para a cena as protagonistas do processo, abordando outros ângulos e novas perspectivas, favorecendo o conhecimento e compreensão das múltiplas dimensões que o compõem.

Pós-processamento: Índice de Shannon: 3.72582

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
6,52% 4,12% 12,28% 5,84% 14,28% 2,38% 2,93% 4,42% 4,24% 7,80% 5,36% 3,91% 3,64% 2,95% 2,96% 16,37%
ODS Predominates
ODS 16
ODS 1

6,52%

ODS 2

4,12%

ODS 3

12,28%

ODS 4

5,84%

ODS 5

14,28%

ODS 6

2,38%

ODS 7

2,93%

ODS 8

4,42%

ODS 9

4,24%

ODS 10

7,80%

ODS 11

5,36%

ODS 12

3,91%

ODS 13

3,64%

ODS 14

2,95%

ODS 15

2,96%

ODS 16

16,37%