Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Comunicação e Expressão
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Institucional
Tipo do Documento: Tese
Título: PERSPECTIVISMO LITERÁRIO E NEOTENIA: "AXOLOTL" E OUTRAS ZOOBIOGRAFIAS
Orientador
- SERGIO LUIZ RODRIGUES MEDEIROS
Aluno
- ANA CAROLINA CERNICCHIARO
Conteúdo
A proposta desta tese é pensar de que maneira a literatura (e a arte, de maneira geral), enquanto processo de abandono de si, de cancelamento do eu, de fim da identidade, se torna também um espaço de abertura ao outro, de troca de perspectivas, de contaminação de pontos de vista, de devir. desta maneira é que podemos aproximar a arte do perspectivismo multinaturalista, este aspecto do pensamento indígena segundo o qual humanidade, intencionalidade e subjetividade não são exclusividade dos seres humanos, mas habilidades de uma infinidade de outras espécies, potencialidades que se espalham por todo o cosmos. nesta teoria pós-humanista ou não-antropocêntrica, as dicotomias entre mesmidade e alteridade, humanidade e animalidade, natureza e cultura, sujeito e objeto são colocadas em questão. para o ideal epistemológico xamânico, conhecer é personificar, inverter posições com o objeto de conhecimento, deixá-lo ser sujeito. se, deste modo, o xamanismo é, conclui eduardo viveiros de castro, uma diplomacia cósmica dedicada à tradução entre pontos de vista ontologicamente heterogêneos, também o é a literatura, pois, como xamãs, aqueles que entram no espaço literário - escritores e leitores - se tornam múltiplos, indiscerníveis, superdivididos, entram em constante devir, transmutando perspectivas, passando a olhar pelos olhos do outro. é isso que percebemos em alguns textos e performances de joão guimarães rosa, nuno ramos, clarice lispector, joseph beuys, bonnie sherk, mark dion e, principalmente, no conto "axolotl", de julio cortázar. além da radical experiência de comutação de perspectivas, de devir-homem do axolotl e devir-axolotl do homem, este conto ainda desperta uma reflexão sobre a humanidade como incompletude. o axolotl é uma espécie de salamandra que passa toda sua vida na forma larval e nunca perde seus traços juvenis, mesmo assim é capaz de se reproduzir, transformando-se em uma nova espécie. muitos teóricos evolucionistas propuseram que este fenômeno (chamado neotenia) seria uma chave para entender a evolução do homem, no sentido de que nós, assim como o axolotl, também somos seres neotênicos, seres incompletos cuja subjetividade emerge no encontro com a alteridade. assumir esta neotenia implicaria questionar o ser como coisa separada, completa e absoluta, significaria admitir uma ontologia do ser-com, em que não há fixação do eu, mas ficção do eu, fricção do eu com muitas outras coisas que o contagiam, afetação infinita e múltipla, uma ontologia onde, em meio a todas as diferenças indomesticáveis, não há um eu nem um outro, apenas um nós singularmente plural, um eu que é um devir entre multiplicidades, uma porta, um limiar onde o mesmo e o outro não se delimitam, mas se abrem infinitamente.
Pós-processamento: Índice de Shannon: 3.92604
| ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| 4,76% | 4,99% | 6,63% | 6,07% | 6,76% | 4,88% | 4,89% | 6,31% | 6,65% | 5,06% | 9,02% | 4,93% | 4,53% | 6,40% | 4,65% | 13,48% |
ODS Predominates
4,76%
4,99%
6,63%
6,07%
6,76%
4,88%
4,89%
6,31%
6,65%
5,06%
9,02%
4,93%
4,53%
6,40%
4,65%
13,48%