No dia 10 de julho de 1940 carmen miranda regressou ao brasil após uma bem sucedida turnê de 14 meses nos estados unidos. desembarcando no caís da praça mauá, no rio de janeiro, deparou-se como uma recepção, digna de uma “heroina” nacional, orquestrada pelo departamento de imprensa e propaganda do governo ditatorial de getúlio vargas. cinco dias depois, apresentando-se numa festa organizada pela primeira dama, darci vargas, no cassino da urca, carmen miranda foi recebida friamente por uma plateia composta em parte por membros do estado novo e pessoas da alta sociedade. uma nota, não assinada, de título “o caso de carmen” publicada no dia 18 de julho no periódico diário carioca acusaria a artista de ter “estragado”, “americanizado” o samba que, para alguns setores da sociedade, era a mais “legítima” expressão da cultura brasileira. as acusações de que a artista havia se “americanizado” e “desnacionalizado” o samba, embora de forma mais tímida, circulavam nos jornais antes mesmo de seu retornou ao país. no entanto, é a partir dessa fria recepção no cassino que carmen miranda leva a cabo uma estratégia de dissipar essas acusações e reafirmar sua ligação com a cultura “nacional” através do samba. o objetivo desta dissertação é, a partir dos conceitos de “nação”, “cultura”, “hegemonia cultural”, “hibridismo cultural” e “pureza”, armar uma investigação inicial sobre o processo de construção de uma imagem pública de carmen miranda e suas relações com o samba e a questão da cultura nacional.