Este trabalho de pesquisa discute a formação inicial de docentes de cursos de pedagogia em relação a sua formação como leitoras e produtoras de textos da/na esfera acadêmica e como professoras que ensinam(rão) a produção textual escrita na escola. seu objetivo foi compreender como as práticas mediadas pela escrita nas interações entre professores formadores e professoras em formação inicial são ensinadas e aprendidas a fim de formar docentes leitores e produtores de textos e que aprendam a ensinar a produção textual escrita nos anos iniciais da educação básica. a partir dos fundamentos teóricos da teoria dialógica do círculo de bakhtin e dos estudos de letramento, a pesquisa analisou, por meio de uma metodologia qualitativa de cunho interpretativista e ancorando-se nos pressupostos teóricometodológicos da análise dialógica do discurso, os projetos pedagógicos dos cursos e os discursos dos sujeitos participantes. participaram como sujeitos de pesquisa trinta e sete docentes formadores e cento e onze acadêmicas concluintes de três cursos presenciais de licenciatura em pedagogia do município de ponta grossa, paraná. os enunciados analisados mostraram discordâncias entre os discursos dos dois grupos de sujeitos. a maioria dos professores formadores afirmou realizar um trabalho de leitura e produção textual com textos de gêneros discursivos diversificados e reconheceram-se como principais interlocutores das produções textuais das alunas, realizando a revisão textual, oferecendo devolutivas e oportunidades de reescrita. os docentes, apesar de apontarem para as dificuldades de leitura e produção escrita das estudantes, avaliaram que contribuem para a formação das futuras professoras como leitoras e produtoras de textos, bem como na sua formação para o ensino da produção textual escrita. em sentido oposto, grande parte das licenciandas, embora se assumam como leitoras e produtoras de textos de variados gêneros discursivos de diferentes esferas de atividade humana, projetam uma imagem de acadêmicas que estão aquém das habilidades de leitura e escrita demandadas na esfera acadêmica. elas indicam a falta de ensino intencional e sistemático na escrita e apontam que poucos docentes realizam devolutivas claras e oportunizam a prática da reescrita. em relação à formação para o ensino da produção textual escrita, os discursos discentes afirmam que os cursos não preparam adequadamente para essa atuação devido à carga horária insuficiente na disciplina da área de língua portuguesa e a escassez de experiências práticas de docência. os resultados mostraram que há desafios a serem enfrentados pelos cursos de formação inicial de professores de língua materna para os anos inicias da educação básica. um deles diz respeito à formação dos formadores para o trabalho com a leitura e a escrita na esfera acadêmica, de maneira que possam concebê-las como práticas sociais de linguagem que demandam uma perspectiva dialógica de abordagem de ensino e aprendizagem. outro desafio é a avaliação dos currículos em relação à formação na área de língua portuguesa nos cursos de pedagogia, pois as acadêmicas afirmaram não aprender a ensinar a produção textual escrita durante a formação inicial.