O jornal escolar tem sido, há bastante tempo, uma ferramenta produtiva de ensino e aprendizagem de língua portuguesa. no cenário recente, o jornal escolar on-line (jeo) redesenha essa atuação ao se apresentar como possibilidade concreta das novas tecnologias digitais da informação e comunicação. esta tese investiga o jornal escolar on-line produzido no ensino médio, em termos de seu perfil, dos discursos materializados e de sua relação com o jornalismo da mídia hegemônica, quanto à mobilização de práticas sociais críticas e emancipadas. para tanto, a análise crítica de gêneros sustenta a verificação do papel do gênero, neste caso do hipergênero jeo, tanto para a manutenção de estruturas de poder quanto para transformações sociais. o enquadramento da análise crítica de gêneros aqui adotado é o de bonini (2013; 2017), que compreende a articulação das bases teóricas de fairclough (2003), quanto ao conceito de práticas sociais, de bakhtin (2011 [1952-1953]), a respeito da noção de gêneros, e de paulo freire (1967), no que se refere à ideia de transitividade crítica. além disso, recorre-se, principalmente, à concepção de letramento jornalístico crítico, a partir do que apontam buckingham (2003) e bonini (2019). quanto à metodologia, esta pesquisa, de natureza qualitativa, insere-se no paradigma interpretativo-crítico (denzin; lincon, 2006), analisando um corpus formado por quatro jeos que resultaram de um amplo levantamento de jornais escolares produzidos na educação básica e divulgados na internet. os resultados da pesquisa evidenciam: a) um número ainda reduzido de experiências com o jeo no ensino médio no contexto da educação básica; b) que exemplares já encampam características desse contexto digital, como as arroladas em palacios (2003) sobre o webjornalismo; c) que os discursos materializados nos jeos compõem-se de representações de mundo do jornalismo dominante, salvo poucos textos que indicam posicionamentos contra hegemônicos por meio de um discurso mais ativista; e d) possibilidades de práticas emancipadas e críticas, quando as práticas dos jeos se aproximam dos princípios do jornalismo comunitário.